sábado, 6 de março de 2010

Ousia e António - Uma história de amor

Era uma vez a galinha poedeira Ousia que tinha um dono António, que a tratava como uma princesa.
Era um regalo ver a Ousia, muito mansinha a passear no quintal, atrás do dono para aqui e para ali, num convívio diário e numa amizade invulgar.
Um amor que durou muitos anos, até que o dono resolveu deixar Odiáxere para vir morar num andar, com a esposa, para perto das filhas, distintas professoras residentes na Quinta da Carcereira, na freguesia da Sobreda.
A separação destes dois seres amorosos gerou uma enorme tristeza nos dois nobres corações. Um mais pequeno a palpitar de nostalgia num peito de galinha e outro com 84 primaveras a pulsar com infinita melancolia.

Foi então que o genro, um semeador de sonhos e inquietações,depois de ter obtido a concordância da sábia esposa, sugeriu que a solitária triste Ousia viesse morar perto dos afectos do António, que por sinal é a figura central deste blogue.

Mas a vida tem os seus caprichos e apesar da proximidade física , Ousia continuava triste por não ter a terna atenção e a regular assistência do grande amor da sua vida.

Surgiu então a ideia de aquisição de dois pintos do sexo feminino, poedeiras como Ousia, apelando aos instintos maternais da mais terna e inteligente galinha da Aldeia Lar.
A vida de Ousia ganhou um outro ânimo e o seu triste gargaregar transformou-se num cântico de estridente alegria, concorrendo com o mavioso trinado dos rouxinois, empoleirados nos altos dos pinheiros que "vestem de verde o nosso olhar".
Com embevecida ternura, sob o olhar atento da mãe adoptiva, os pintos fizeram-se frangas lustrosas e aprenderam as artes de bem pôr e bem cantar na capoeira.
As duas ruivas franganotas, em poucos meses quase não se distinguem da mãe e passaram a exercer com esmerado talento arte de poedeira, que esta lhes ensinou.
Durante um mês, todos os dias três cânticos matinais anunciavam três lindos ovos no ninho da sua vaidade.
Mas porque a idade não perdoa a laboriosa Ousia, depois de muitos anos de postura reformou-se, deixando a Alumia e Zirga a nobre missão de fornecimento diário dos louros ovos, aos familiares a amigos do seu mui nobre e leal António.

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