domingo, 14 de março de 2010

Ida à inspecção para a tropa

Tinha eu 20 anos quando fui à inspecção na Vila do Bispo. Ficámos em pelota todos juntos na mesma sala e cada um foi inpeccionado dos pés à cabeça. Depois de sermos inspeccionados, houve uma divisão dos mancebos em três grupos diferentes. No grupo a que pertencia, começámos a olhar uns para os outros sem saber para que estávamos destinados, até que o inspector da Junta começou a explicar a cada grupo qual a razão de estarmos divididos. Chegou a um conjunto e disse: "Estão livres, podem ir para casa."; aproximou-se do segundo grupo e afirmou: "Vocês estão aprovados para ir para o exército". A seguir, virou-se para o meu conjunto, e perguntou-nos: "Querem ir à inspecção para a Marinha?". Olhámos de novo uns para os outros e eu fui um dos primeiros a dizer que desejava ir para a Marinha e os outros seguiram o meu exemplo. Passado um mês, recebemos um aviso para nos apresentarmos em Janeiro no Alfeite com o propósito de sermos novamente inspeccionados. Um aspecto que me deixou um pouco desiludido foi que alguns dos candidatos que vieram comigo no mesmo comboio eram mais robustos que eu e, vendo isso, pensei que seria reprovado. Mal saímos do comboio, dirigimo-nos para o Alfeite e iniciámos a nossa inspecção. Qual não foi o meu espanto ao verificar que alguns que julgava mais aptos que eu, foram excluídos ao passo que eu fui admitido. Por conseguinte, em 1945, comecei a recruta na Escola de Marinheiros, no fim da qual fui seleccionado para a Escola de Mecãnicos a fim de tirar o curso de Grumete-Fogueiro. Passei o exame final, e foi então que iniciei a embarcação nos navios de guerra, onde realizei inúmeras viagens pelo Mundo. Como trazia só a 4ª classe, fui obrigado a tirar o 5º ano do curso Industrial nocturno da Escola Fonseca Benevides, como aluno externo. No entanto, para tirar esse curso, vi-me forçado a frequentar uma escola particular que me preparou para o exame, que realizei com sucesso. Devido á minha diligência, juntei o 3º e o 4º ano num só ano. Por fim, candidatei-me ao exame do 5º ano e obtive aprovação em todas as disciplinas. Daí em diante, ambicionei concorrer ao curso de Artífice/Condutor de Máquinas na Escola de Mecânicos da Marinha. Posteriormente, fui fazer provas de ingresso no curso referido, juntamente com rapazes muito mais novos do que eu, conseguindo também a admissão. Assim, frequentei três anos este curso, no fim do qual fui promovido a Cabo. Seguidamente, embarquei com o objectivo de fazer as horas de navegação necessárias para a promoção a Sargento. Posto isto, segui a minha vida até passar à Reserva. Mais tarde, vieram-me convidar para ingressar na Comiberland/NATO, onde passei 8 anos da minha vida até me reformar.

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